À-participação ou participação das crianças? Experiências de inovação educacional vistas pelas próprias

Abstract

O reconhecimento dos direitos das crianças não é condição suficiente para que estes se conjuguem e desenvolvam no quotidiano. No entanto, a escola pode assumir um papel importante na promoção desses direitos. Consubstanciar o que Bernstein (2000) designa por “direito pedagógico” implica melhorar a vida democrática e pedagógica das salas de aula e da escola. Nessa perspetiva, torna-se fundamental criar cenários nos quais as crianças possam participar e partilhar com os adultos as suas vivências. Tendo consciência dessa necessidade, os centros educativos das Irmãs Doroteias em Portugal têm vindo a empreender um processo de inovação educacional, privilegiando como campo de inovação a participação das crianças. Neste artigo, procuramos refletir sobre processos de participação das crianças no contexto da Creche e do Jardim de Infância de duas escolas, com particular atenção para o processo de avaliação das experiências vividas. Optámos por uma investigação de natureza qualitativa, através de uma análise temática dos dados, procurando entrelaçar as perspetivas das crianças e dos adultos. Os resultados permitiram perceber que as crianças reconhecem a importância das experiências de participação nas aprendizagens realizadas, na possibilidade de exprimirem opiniões, darem ideias e serem escutadas, na valorização do trabalho cooperativo, na partilha de saberes e opiniões e na implicação na inovação, experienciando a concretização das suas ideias. Palavras-chave: Direitos da criança, Participação da criança, Inovação educacional, Voz do aluno