Adições. Violência doméstica e de género e intervenção comunitária: Uma abordagem interseccional

Abstract

A violência doméstica e de género é um problema social que impacta negativamente e diretamente na vida das pessoas vitimizadas, pessoas agressoras, e na sociedade coletivamente, sendo aliás integrada em importantes instrumentos de políticas públicas e sociais, nomeadamente a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres, a Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica, também denominada Convenção de Istambul, e a nível nacional no âmbito da Estratégia Nacional para a Igualdade e Não Discriminação, mais precisamente no âmbito do Plano de Ação para a prevenção e o combate à Violência contra as Mulheres e à Violência Doméstica. Os movimentos feministas assumiram particular importância na visibilização do fenómeno, ao colocar na agenda pública e mediática, a necessidade de intervir sobre um problema social, no qual, as mulheres têm sido as pessoas mais vitimizadas (Dias, 2017). Por outro lado, tem-se concluído pela existência de uma maior prevalência da vitimização em contexto de violência doméstica e de género sobre mulheres com comportamentos aditivos e dependências (Hernández, et al., 2022), o que traduz experiências de vulnerabilidade acrescida, as quais revelam desafios para a intervenção comunitária e de proximidade. É com base numa abordagem da intersecionalidade (Crenshaw, 1989; Nogueira, 2017), a qual permite criar um quadro de referência teórico-prático passível de aprofundar o conhecimento relativo à intersecção da violência doméstica e de género em mulheres com comportamentos aditivos e dependências, que a presente investigação procura aprofundar especificidades decorrentes dessa intersecção, centrada nos serviços de intervenção comunitária prestados pela Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica (RNAVVD) e pelos Centros de Respostas Integradas (CRI) integrados nas Divisões de Comportamentos Aditivos e Dependências (DICAD), criando, a partir daí, uma proposta de intervenção passível de relevar para a transformação social. Palavras-chave: Intervenção Comunitária; Violência Doméstica; Violência de Género; Comportamentos Aditivos e Dependências; Género; Mulheres; Intersecionalidade