[Re]configurar a comunicação digital na relação Escola-Crianças-Famílias: um estudo de caso

Abstract

O presente relatório de estágio resultou num estudo de caso realizado no âmbito das Práticas de Ensino Supervisionadas do Mestrado em Educação Pré-Escolar, na Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti. A crescente digitalização da sociedade tem transformado a comunicação no contexto educativo e assim sendo, este estudo teve como objetivo, compreender as implicações do uso da comunicação digital na relação Escola-Crianças-Famílias. A investigação decorreu em três instituições educativas no Porto, uma creche numa instituição de particularidade Social (IPSS) e dois jardins de infância, um pertencente a uma IPSS e outro da rede pública. Foi utilizado, neste estudo de caso, uma metodologia mista que permitiu identificar as perceções das educadoras através de entrevistas semiestruturadas e das famílias através de inquéritos por questionário e a observação participante. Os sujeitos participantes neste estudo foram três educadoras cooperantes e um total de 35 famílias, distribuídas da seguinte forma: 15 famílias da instituição x, 10 famílias da instituição y e 10 famílias dos grupos da instituição z. A triangulação de dados revelou consenso entre as educadoras cooperantes e famílias na identificação de potencialidades das plataformas digitais como: a promoção de uma maior proximidade entre a escola-crianças-famílias, um envolvimento mais ativo das famílias no acompanhamento das rotinas das crianças na educação de infância, bem como a rapidez na partilha de informações. Contudo, as educadoras cooperantes identificaram desafios do uso das plataformas digitais nas suas práticas relacionados com a gestão do tempo e a pressão das famílias face à frequência das atualizações das plataformas. Existem, porém, famílias que gostariam de receber registos de atividades com mais frequência, enquanto outras reconhecem que a prioridade deve ser a qualidade do tempo de interação pedagógica com as crianças. Há unanimidade de que as plataformas devem complementar, e não substituir, o contacto direto. Para otimizar a comunicação digital, as educadoras cooperantes defendem o equilibrio com momentos de contacto presencial, o apoio às famílias com menos competências de literacia digital e a formação contínua dos educadores para um melhor aproveitamento das plataformas digitais nos contextos educativos. Enquanto algumas famílias consideram as plataformas intuitivas e estão satisfeitas, outras referem necessitar de formação e apoio para uma utilização mais eficaz.

This internship report is the result of a case study carried out as part of the Supervised Teaching Practices of the Master's Degree in Pre-School Education at the Paula Frassinetti School of Education. The growing digitalization of society has transformed communication in the educational context and so this study aimed to understand the implications of using digital communication in the school-children-family relationship. The research took place in three educational institutions in Porto, a nursery school in an institution of social particularity (IPSS) and two kindergartens, one belonging to an IPSS and the other to the public network. A mixed methodology was used in this case study, which made it possible to identify the perceptions of the educators through semi-structured interviews and of the families through questionnaire surveys and participant observation. The participants in this study were three cooperating educators and a total of 35 families, distributed as follows: 15 families from institution x, 10 families from institution y and 10 families from the groups in institution z. The triangulation of data revealed a consensus between the cooperating educators and families in identifying the potential of digital platforms, such as: promoting greater proximity between school-children-families, more active involvement of families in monitoring children's routines in early childhood education, and speed in sharing information. However, the cooperating educators identified challenges in using digital platforms in their practice related to time management and pressure from families to update the platforms frequently. There are, however, families who would like to receive activity logs more frequently, while others recognize that the priority should be the quality of the pedagogical interaction time with the children. There is unanimity that platforms should complement, not replace, direct contact. In order to optimize digital communication, the cooperating educators advocate a balance with moments of face-to-face contact, support for families with less digital literacy skills and ongoing training for educators to make better use of digital platforms in educational contexts. While some families find the platforms intuitive and are satisfied, others say they need training and support to use them more effectively.