Perceções das crianças sobre o brincar no jardim de infância

Abstract

A presente investigação pretende dar resposta às perceções das crianças sobre o brincar no Jardim de Infância, tendo como pergunta de partida: “De que modo é que as crianças percecionam as suas próprias brincadeiras?”. Para dar resposta a esta questão, foram definidos os seguintes objetivos: promover a agência da criança no ato de brincar; conhecer a perspetiva das crianças sobre a importância do brincar; identificar quais as brincadeiras preferidas das crianças e, por fim, compreender de que forma a criança organiza a brincadeira ao nível dos espaços, materiais e tempo. A investigação sustentou-se numa abordagem qualitativa, baseada num estudo de caso múltiplo, utilizando entrevistas, grupos de discussão focalizada e registos de observação. Estes instrumentos de investigação permitiram uma compreensão mais aprofundada das perceções das crianças, favorecendo a sua participação ativa e a reflexão sobre o brincar. Esta investigação decorreu durante a Prática de Ensino Supervisionada em Educação Pré-Escolar I e II, numa Instituição de cariz privado, onde participaram catorze crianças e a educadora cooperante e numa Instituição Particular de Solidariedade Social, onde participaram doze crianças e a educadora cooperante, respetivamente. Os resultados obtidos evidenciaram que as crianças atribuem um significado profundo ao brincar, associando-o a momentos de felicidade, liberdade e interação social. As suas preferências revelam uma diversidade de brincadeiras que variam consoante as crianças, os contextos e as possibilidades oferecidas pelo ambiente. Além disso, foi possível observar que as crianças demonstram uma capacidade ao nível da organização da brincadeira, fazendo escolhas conscientes quanto aos espaços, materiais e duração dos momentos lúdicos. Conclui-se que o brincar é uma experiência essencial no desenvolvimento da criança, sendo fundamental escutar ativamente a voz das crianças, integrando-as em todo o processo educativo no Jardim de Infância

This research aims to explore children’s perceptions of playing in Kindergarten, guided by the central question: “How do children perceive their own play activities?” To address this question, the following objectives were defined: to promote children’s agency in play; to understand children’s perspectives on the importance of play; to identify their preferred play activities; and, finally, to understand how children organize play in terms of space, materials, and time. A qualitative research approach was adopted, based on a multiple case study, using interviews, focus group and observational records, which resulted in field notes. These research instruments provided a deeper understanding of children’s perceptions, encouraging their active participation and reflection on play. The study was conducted during the Supervised Teaching Practice in Early Childhood Education I and II, in a Private Institution, where fourteen children and one preschool teacher took part, and in a Private Institution for Social Solidarity, where twelve children and one preschool teacher took part. The results highlighted that children attribute profound meaning to play, associating it with moments of happiness, freedom, and social interaction. Their preferences reveal a variety of playing activities that differ according to individual children, contexts, and the opportunities provided by the environment. Moreover, it was observed that children demonstrate organizational skills in play, making conscious choices regarding spaces, materials, and the duration of their play experiences. It is concluded that play is an essential experience in children’s development, making it crucial to listen actively to their voices and integrate them into the entire educational process in Kindergarten. Keywords: Play;