Os íngremes degraus da participação infanto-juvenil na escola

Abstract

Este trabalho surge no âmbito de um projeto de inovação educacional que envolve uma rede de oito instituições escolares em Portugal, com oferta educativa da creche ao ensino secundário. Através de um trabalho colaborativo de investigação-ação, envolvendo adultos, crianças e jovens, procurou-se construir uma escala de níveis de participação das crianças e jovens na escola, que se constituísse como um referencial para a reflexão e a vivência quotidiana da participação, entendida como um direito pedagógico (Bernstein, 2000). Nesse processo estabeleceu-se uma gradação de níveis de participação, um caminho que os centros educativos poderão e deverão fazer no sentido de atingirem um estágio de participação plena das crianças e jovens, não se limitando essa participação, portanto, a aspetos funcionais ou de consulta, mas fazendo parte de um efetivo diálogo interpessoal que promova o desenvolvimento e a emancipação das crianças e jovens/alunos. O trabalho que aqui se apresenta parte da proposta de escala de participação que resultou do processo de investigação realizado e reflete sobre os contributos das crianças e jovens nesse processo. Os dados foram obtidos através de grupos focais e entrevistas breves, através dos quais se procurou captar a perceção dos intervenientes sobre os degraus em que sentem que a sua participação efetivamente se situa, considerando as suas próprias vivências na escola. Os dados permitem perceber que as crianças e jovens reconhecem a existência de espaços de participação em vários degraus da escala, mas também que essa participação não acontece nos degraus mais elevados e que as oportunidades e a qualidade da participação decrescem à medida que os alunos progridem nos ciclos de escolaridade. Palavras-chave: Participação das crianças, voz do aluno, investigação participativa